quinta-feira, 24 de março de 2022

Dilema do amor próprio

Novamente, cá estou. Sentindo a necessidade de colocar em palavras meus sentimentos. Estou em terapia há algum tempo e me (re)conhecendo. Como é um processo difícil, nossa! Mas recomendo de olhos fechados. Façam terapia!

Bom, mas vamos ao motivo do texto. Voltei pra odontologia há alguns anos, com muito prazer. E minha profissão mudou bastante. Temos uma nova área, chamada Harmonização Orofacial, exclusiva da odontologia. Não confundir com harmonização facial apenas, área que também pode ser exercida por outros profissionais.

Fato é que, assim que saiu, eu fiz um curso de capacitação. E depois de muito amadurecimento interno, eu me pego numa sinuca de bico! Fico com um dilema ético dentro de mim...

Por um lado, a mulher que aprendeu que o amor próprio é o amor que mais devemos cultivar. Afinal, só cuidamos do que amamos! Aprendi a ter um olhar de amor pra mim e gostaria que todas as mulheres tivessem isso! Que elas soubessem que não são só aparência. Isso é um desafio enorme nos dias de hoje em que somos vítimas de uma publicidade cruel que joga na nossa cara uma perfeição que não existe. Pra onde você olha, tem uma mulher jovem, magra, pele lisa, perfeita! Mas eles não contam que não é real.

Por outro lado, uma área que mexe justamente com a estética e que eu AMO fazer! Minha pegada é mais natural e preventiva. Gosto muito mais do que aquelas harmonizações radicais que mudam completamente o rosto da pessoa. Gosto da beleza natural e gosto da intervenção preventiva. Mas não deixa de ser uma área que mexe com a INSATISFAÇÃO.

Estaria eu colaborando com o medo do envelhecer ao intervir preventivamente? Ou isso é proporcionar uma velhice mais amena? E por que não mais bela?

Não quero ser a pessoa que colabora com essa pressão estética que nos consome, nos envenena contra nós mesmas. Mas cada vez que faço um procedimento e vejo o sorriso no rosto de uma paciente que se sente mais bonita é TÃO incrível... e agora?